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Mercúrio em Peixes

Foto do escritor: Mariana CamposMariana Campos

Quando Mercúrio está em Peixes, signo de seu exílio e queda, a telepatia é o meio mais seguro de fazer-se inteligível. Peixes é mimético, mímica também pode dar certo. É que em Peixes a linguagem ganha possibilidades oceânicas, com risco de afogamento.


Um episódio interessante para pensar isso é quando o escritor James Joyce, em diálogo com o psicanalista Carl Jung, diz que sua filha, Lucia Joyce, escritora e também dançarina, escrevia o mesmo que ele escrevia, isto é, escrevia com a água acima do umbigo. Lucia vinha sofrendo surtos psicóticos, razão pela qual escritor e psicanalista se aproximam, e então explica a Joyce: "onde você nada, ela se afoga". O pai tinha Mercúrio em Peixes, a filha não.



Em Peixes do Finnegans Wake outra linguagem é acordada, é a língua de quem beija na boca a loucura. Mercúrio ganha a fama de quem conta histórias de pescador, e como é típico de um signo de Júpiter, o tamanho dos peixes são de, no mínimo, dois metros. Mas qual a relevância de uma história verdadeira, quando o irreal tem tamanhos encantos? Quem foi que disse que só da realidade se faz canção? Não posso esquecer que em Peixes, Mercúrio está na exaltação de Vênus.


Há um filme chamado "Ashes and Snow", de maravilhosas cenas aquáticas, nas quais humanos nadam com baleias, dançam com peixes-bois. Lembro-me dele agora pela seguinte frase: "As baleias não cantam porque têm uma resposta. Elas cantam porque têm uma canção".


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