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Sol em Aquário

Foto do escritor: Julia GarciaJulia Garcia

Em Aquário, o Sol se encontra na condição que chamamos de exílio, fora de seu reinado e longe do seu trono. Signo regido por Saturno, Aquário não reverencia o rei porque fala exatamente daqueles que servem aos outros. Ganímedes, o copeiro dos deuses, não é o herói de nenhuma história nem governante de mundos divinos, sua função é encher os copos de quem tem sede. O aguadeiro tem uma função nobre, mas quem ganha o verdadeiro destaque é o jarro que ele carrega - porque o fundamental não é a identidade do copeiro, mas a sua função.


A ânfora é um objeto fruto da inteligência humana, foi ela que deu aos nossos ancestrais a possibilidade de preservar a vida nos momentos difíceis e mover-se para além dos limites dos rios. Tão simples e tão rústica, a ânfora desafia a fúria do sol e preserva o frescor da água. Sua forma é tão essencial que nunca deixa de ser moldada, os humanos podem inventar tecnologias incríveis ou máquinas extraordinárias, no fim de tudo, continuamos precisando de água e ânforas para carregá-la.



Signo do ar na sua forma fixa. Aquário representa as abstrações que se condensam e tomam forma como as nuvens. Ideias não têm corpo e, justamente por isso, não morrem - as nuvens seguem chovendo a mesma água ancestral de outros milênios. Por isso, Aquário é o signo das ideologias, as ideias que sobrevivem por séculos mesmo sem carne para carregá-las. Reis vão e vêm, reinos caem e se elevam, mas as ânforas permanecem fazendo sua função com a paciência saturnina que a natureza tem. Quem nasce com o Sol no signo do aguadeiro cumprimenta o copeiro, mas não se curva ao rei.


Nos tempos que o Sol estiver em Aquário devemos cultivar a nossa irreverência. Tirar o rei do trono e coroar o bobo, rir daqueles que se sentem deuses mesmo sendo feitos de carne e ossos, e lembrar todos os dias que até os reis podem morrer de sede se não tiverem aguadeiros para servi-los.


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