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Geminiano Chico

Atualizado: 1 de jul. de 2024

Chico é uma dessas pessoas que expressam de maneira exemplar as características de um dos doze signos do céu. Com Sol, Lua, Mercúrio e Vênus em Gêmeos, o compositor carioca é a representação explícita do geminiano típico, o que pode ser notado desde a famosa capa do seu disco que virou meme até o seu domínio fascinante da arte da palavras. A sua obra musical é toda uma grande ode a Mercúrio, especialmente a sua face criativa e diurna no signo de Gêmeos. Por isso, quem deseja entender mais das características desse signo pode começar estudando as músicas de Chico. 

Chico Buarque geminiano gêmeos

Em “Choro bandido”, Chico lembra que o poeta é um fingidor (como já nos avisou outro famoso geminiano) e homenageia o deus Mercúrio diretamente dizendo que “as notas eram surdas quando um deus sonso e ladrão fez das tripas a primeira lira que animou todos os sons”. A canção é uma ode à capacidade transformadora e criadora da palavra, a mente criativa de Mercúrio voa dentro dos versos da poesia livre da obrigação de corresponder à dura vida. "Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso, são bonitas, não importa, são bonitas as canções"


Mercúrio também é padroeiro da malandragem, tema que Chico homenageou diversas vezes em seus versos. Como se tivesse sandálias aladas, o malandro chega na praça “caminhando nas pontas dos pés” e usando sua lábia para ludibriar a todos e conquistar tudo que quer. “Mais vale uma filha na mão do que dois pais sobrevoando” afirma na sua provocadora canção “Jorge Maravilha”. Nos tempos que “o correio andou arisco” Chico ficou famoso por ludibriar os censores com suas músicas de múltiplos sentidos. Usando a palavra como arma, o poeta dizia “Cálice” para que ninguém o calasse, e ao rimar “labuta” com “filho da outra” ele deixa subentendida a rima que não é dita, mas todo mundo escuta.


E são muitos os exemplos das brincadeiras arteiras de Mercúrio que Chico faz com as palavras em suas letras. Em “Construção”, o compositor troca as paroxítonas finais dos versos inventando sentidos impactantes (“morreu na contramão atrapalhando o sábado”), em “Bom conselho” ele brinca de inverter os ditados dando a eles uma velocidade tipicamente mercurial (“Corro atrás do tempo, vim de não sei onde / devagar é que não se vai longe”). E não satisfeito em torcer o sentido das palavras em português, ele também mistura os idiomas (afinal, Mercúrio fala todas as línguas). Em “Joana Francesa” ficamos confusos tentando entender se o refrão diz “acorda” ou “d'accord”, ao que o geminiano Chico prontamente responde: os dois!

Mapa astral Chico Buarque

Mercúrio está ligado às crianças e seu temperamento criativo e arteiro, tema que Chico também cantou muitas vezes. Está nas saudades dos “Doze anos”, no lamento do “Meu Guri” e no “Pivete” que pede dinheiro na rua misturando os idiomas ("monsieur have money per mangiare?").  É um Mercúrio “mambembe, cigano, mendigo, malandro, moleque, mulambo bem ou mal”. Tudo terrivelmente geminiano.


Mercúrio é o amigo de toda a humanidade, e a música de Chico também é “Paratodos”. Sua expressão é tão esperta e criativa que chega a levantar suspeitas de fraude da parte daqueles que não suportam ver tamanha engenhosidade. Mercúrio é padroeiro dos ladrões, mas a verdade é que a sua obra é uma uma “feijoada completa” e Mercúrio, que também está associado aos feijões, se alegra em cada verso. É na necessidade que nasce a engenhosidade, e o deus dos espertos avisa: "vamos botar água no feijão!"


No amor, a sua forma tem a leveza área de Gêmeos e seus diálogos intermináveis. Em “Biscate”, com a ajuda da maravilhosa Gal Costa, Chico consegue representar uma briga de casal em forma de melodia, com duas vozes se sobrepondo e oferecendo rimas improváveis como “respeite” com “River Plate”. Em “Amor Barato”, ele canta a simplicidade do amor comum e ordinário, “mas que se tiver precisão, eu furto”. Já em “Almanaque”, Chico incorpora a voz curiosa da criança que quer saber o motivo por trás de cada coisa (“diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor”), mas principalmente, quer descobrir como se cura um grande amor, e com toda a sua esperteza, é aos livros e ao bom humor que Mercúrio recorre: “Vê se tem no almanaque, essa menina, como é que termina um grande amor, se adianta tomar uma aspirina ou se bate na quina aquela dor”.

 

E eu poderia ficar aqui, dando exemplos e mais exemplos da obra extensa e vertiginosa de Chico cheia de palavras espertas e engenhosas como só um Mercúrio domiciliado é capaz de inventar. Não há dúvida que Chico é um geminiano da gema, um malandro nato que tem Mercúrio espalhado pelas veredas de seus versos. E quem quiser conhecer mais do signo de Gêmeos “ouça um bom conselho que eu te dou de graça”: escute Chico Buarque!


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