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Vênus em Áries

Foto do escritor: Julia GarciaJulia Garcia

Nascida das espumas do mar, Vênus foi a primeira a acalmar a ferocidade natural dos seres. “O carneiro furioso luta, às chifradas, com o carneiro. Mas teme ferir a ovelha” (Ovídio). Os poetas a chamam de amiga dos sorrisos, deusa do mar sereno, a dourada, estrela da manhã! Vênus é responsável pela perpetuação da vida porque é ela que faz os corpos romperem as barreiras que os separam e se entregarem ao contato íntimo do amor. 


Da mesma forma que os corpos quebram as barreiras na paixão, também o fazem na violência. Antes de se unir à ovelha no ato de amor, o carneiro precisou primeiro se unir ao rival no ato de violência, amor e ódio em ciclos formam os rituais amorosos da natureza. Marte e Vênus, os princípios contrários que se unem num idílio: Afrodite e Ares se tornam amantes, são descobertos e humilhados por Hefesto. Para que o amor possa existir, muitas vezes precisamos estar em guerra com o mundo ou com nós mesmos. 


É justamente para defender o direito de amar que Vênus também precisa aprender a se armar, foi em nome do amor de Páris e Helena que Afrodite foi à guerra de Tróia. Vênus em Áries é vulnerável como são as pessoas apaixonadas. Acorrentada pelo desejo, se entrega ao amante mesmo sabendo que isso irá provocar vingança e ódio alheio. Foi o amor proibido de Vênus que lhe rendeu o epíteto de Aréia e em Esparta passou a ser cultuada como uma deusa da guerra. 


Vênus em Áries taca fogo nas boas maneiras, na etiqueta e nos papéis de donzela que lhe querem vestir. Vênus que sobe na mesa, que quebra as taças, que diz o que quer. Vênus que abandona o lar, que recusa os papéis sociais, Vênus que entra para o cangaço.


Quando Vênus vai à guerra é para defender seu ninho, seus amados, seu direito a sentir desejo e ser desejada. O direito de ser dona de si mesma e entregar-se a quem bem entender em plena luz do dia. O desejo é fogo que forja correntes por vontade própria.

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