Vênus em Libra
Ao chegar no signo de Libra, Vênus deixa sua angustiada queda para abraçar a delicadeza de seu domicílio diurno. Saindo das duras penas de Virgem, a deusa do amor é recebida em um rico palácio, salões suntuosos com cortinas de seda, cálices de prata cravejados de pérolas. O trigo, colhido anteriormente com duro e melancólico trabalho, agora se converte em pães fartos e bolos ricamente decorados. Libra é signo venusiano, é amor, é beleza, elegância.
A balança pesa cuidadosamente o valor de cada coisa, busca o equilíbrio suave de seus pratos que parecem planar no ar. Equilíbrio é uma gangorra que ora pende para um lado, ora para outro, sem nunca estagnar. Equilíbrio é a fluidez do vento, o sopro delicado na chama da vela, o suspiro de alívio que o corpo solta ao penetrar no aconchego de uma sombra macia em dia de sol quente. As cortinas aliviam o calor, os tecidos delicados das tendas estendidas na beira do mar. Tudo isso fala sobre a Libra: polidez, elegância, suavidade, requinte, sutileza. Libra são as ancas de Vênus que balançam em harmonia enquanto ela passeia na beira do mar.

Libra é a casa de Vênus, mas é também a exaltação de Saturno. Por trás da delicadeza da seda está o trabalho árduo da larva. É preciso tempo para produzir as belezas que decoram o palácio deste signo, tradição cultivada pouco a pouco e armazenada na mente dos mais velhos. Afrodite repousa seu delicado pé sob o casco da tartaruga. Por trás da sensual elegância do caminhar em um salto alto esconde-se a dureza de um pequeno calo. Por trás da formosura da escultura está o suor salgado do artista. Cronos castrou seu pai e jogou seus testículos ao mar fazendo nascer da espuma a deusa Afrodite. É da separação que o tempo impôs ao céu e a terra que nasceu o amor. Muitas das antigas esculturas da deusa perderam os braços e até mesmo a cabeça, mas as ancas seguem firmes e preservadas e continuam encantando seus espectadores. Desafiando o tempo, a deusa segue balançando suavemente sua cintura na espuma das ondas.
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